Ao conversar com as famílias a primeira ansiedade que noto é saber quando a criança estará normalizada. Então, convido você leitor a viajar comigo nessa leitura que abrirá portas para a criança que você educa encontrar o caminho da normalização.
Mas, existe um compromisso importante que precisaremos firmar, onde você encontrará antes de qualquer ação o seu equilíbrio interno, e em seguida aceitar que a criança não “fica normalizada”, mas através de um ambiente preparado que partiu de um adulto preparado a criança retornará ao seu estado de equilíbrio que foi “retirado” assim que chegou ao mundo.
Indo por partes, é interessante citar que a normalização é um estado de equilíbrio que a criança reencontrará no decorrer da primeira infância, é algo que já existia em seu interior, mas ao sair do ventre da mãe, ela esbarra em diversas impressões do ambiente assim absorvendo uma a uma sem filtro, já que ainda não tem a ferramenta interna para separar o que é bom e o que é ruim.
A partir daqui o papel fundamental do adulto é observar desde o físico ao intelecto da criança para compreender as suas necessidades de desenvolvimento, lembrando que ler sobre o desenvolvimento da criança (indico o livro Mente Absorvente) é muito importante para saber o que observar a cada plano de desenvolvimento.
Agora que você entendeu sobre o plano de desenvolvimento da criança o próximo passo é colocar em prática a construção do ambiente físico possibilitando a livre escolha sem barreiras tanto física quanto psíquica, assim Maria Montessori denominou de ambiente preparado.
O que é o ambiente preparado em Montessori?
O ambiente preparado é organizado de uma maneira no qual a criança poderá tocá-lo sem ouvir – “não pode”, solte isso porque quebra”, “eu já não falei que não é para mexer” … Ele é harmônico e conversa com a criança convidando a explorá-lo dia a dia. Nele, indicamos cores neutras evitando a poluição visual que cansa a mente e ao mesmo tempo harmonizamos com belas ferramentas que farão o convite para a criança tocar sem medo, sem barreiras, assim construindo o seu interior.
Mas, existe algo fundamental nesse ambiente que é o cientista, sendo também o adulto observador da natureza, aquele que se entrega para colher fatos e analisá-los e em seguida auxiliar o ambiente preparado que será o guia da criança. Parece um labirinto, não é?
Mas, é assim que funciona, é um ciclo onde todos e tudo tem um significado, por isso que precisamos ser cautelosos ao preparar esse ambiente, assim construindo impressões benéficas que conduzirão a criança a sua transformação externa e interna.
Para a criança reencontrar a normalização, isto é, o seu estado de equilíbrio natural, o adulto deverá primeiramente, mostrar para a ela algo que está em nossa rotina diária, a Vida Prática, porém, não como uma obrigação diária, mas como algo prazeroso, algo que derrama amor e gratidão a cada manipulação. Lembre-se:
– Se demonstrarmos desprazer ao realizar uma tarefa é assim que a criança que está ao nosso redor receberá a impressão.
Outro ponto importante, é que não adianta lotar a criança de atividades aleatórias ou que estejam fora do seu período sensível (indico a leitura sobre os períodos sensíveis no livro “O Segredo da Infância). Muitas vezes o que acontece é ela negar, fazer por obrigação ou simplesmente fazer porque mandamos.
Isso, não é construção do ser humano, é apenas tarefas realizadas. A criança trabalha para construir o seu interior e automaticamente reencontrar o seu equilíbrio natural, portanto, prepare o ambiente conforme a necessidade de cada criança, apresente passo a passo esse ambiente e observe.
A vida prática auxilia a criança a encontrar as características essenciais como a ordem, a concentração, a graça e cortesia, a autonomia, a coordenação tanto amplas quanto fina, a independência para abraçar a normalização.
E para que tudo isso aconteça em harmonia sabe o que precisamos derramar quanto adulto preparado?
Cautela, amor, humildade e ser um observador da natureza!
A criança normalizada encontra o amor pela ordem, pelo trabalho, por ela e pelo próximo, a concentração é espontânea, adora viver as histórias reais, sente prazer ao conectar-se com o seu interior através do trabalho com as mãos, sabe escolher as suas vontades e organizá-las, tem iniciativa despertando a independência, sabe usar a autoeducação a seu favor, ela é alegre e conduz o seu corpo a paz.
Não adianta querermos crianças normalizadas, precisamos preparar o ambiente para que esse equilíbrio natural seja alimentado dia a dia através de um ambiente rico em desenvolvimento humano natural.
**É proibida cópia desse texto sem a devida citação de fonte.**
Você pode encontrar a Sheila no Instagram pela Despertar Montessori